É inegável que as dívidas fazem parte da realidade financeira de praticamente toda a população brasileira, independentemente da classe social. A razão para isso é simples: as dívidas são, na essência, compromissos financeiros assumidos para o futuro, como, por exemplo, o financiamento de uma casa, o parcelamento de compras no cartão de crédito ou até mesmo a dívida de uma loja de roupas com seus fornecedores. 


No entanto, é importante compreender que dívida não é, necessariamente, algo ruim. Quando bem administrada e paga sem prejudicar o orçamento pessoal, ela se torna uma ferramenta útil para alcançar objetivos maiores. O problema surge quando a dívida é mal administrada, como acontece, por exemplo, quando uma pessoa não consegue pagar a fatura do cartão de crédito e começa a acumular saldo devedor. Isso gera uma bola de neve, onde os juros sobre juros tornam a dívida cada vez mais difícil de ser quitada.


Este artigo abordará a importância de entender como lidar com dívidas, principalmente aquelas comuns, como as de cartão de crédito e empréstimos bancários, que são as maiores causadoras de inadimplência no Brasil. Apresentaremos também um caminho para alcançar o equilíbrio financeiro, saindo das dívidas e construindo uma reserva para o futuro.


 O que é estar "deficitário" e "superavitário"?


Um dos primeiros passos para entender a relação com as dívidas é compreender a diferença entre estar "deficitário" e "superavitário". Quando uma pessoa tem mais dívidas do que consegue pagar, ela está no déficit, ou seja, suas despesas são maiores que suas receitas. Nesse cenário, o endividamento se acumula, tornando-se cada vez mais difícil de lidar.


Por outro lado, alguém que gasta menos do que ganha e consegue poupar parte da sua renda está "superavitário", ou seja, vive dentro das suas possibilidades e consegue investir ou poupar para o futuro. O objetivo de qualquer pessoa que busque a saúde financeira deve ser sempre estar no lado positivo da balança, ou seja, gastar menos do que ganha.


 A importância da reserva inicial


Antes de abordar o pagamento das dívidas, é fundamental falar sobre a reserva inicial. Ela é uma quantia de dinheiro reservada para cobrir imprevistos e emergências sem recorrer a crédito. Essa reserva deve ser de 1.000 a 3.000 reais, dependendo do seu perfil financeiro, e é uma segurança para evitar o acúmulo de mais dívidas quando surgem imprevistos, como uma despesa inesperada ou a necessidade de consertar algo urgente.


Se você está endividado, o primeiro passo é juntar esse valor como reserva. Não adianta tentar quitar dívidas antes de ter esse dinheiro guardado, pois um imprevisto pode acabar levando você a mais dívidas e a um ciclo vicioso de endividamento.


 Como quitar suas dívidas?


Agora, vamos falar sobre o plano de ação para pagar as dívidas. Um dos métodos mais eficazes é listar todas as suas dívidas, começando da menor para a maior. Isso ajuda a criar uma sensação de progresso à medida que você vai quitando as dívidas menores, o que mantém sua motivação em alta.


O livro *A Transformação Total do Seu Dinheiro*, de Dave Ramsey, sugere que se pague primeiro as dívidas menores, mesmo que o valor seja baixo, como uma dívida de 90 reais. A sensação de "riscar" uma dívida da lista tem um impacto psicológico positivo, fazendo com que você se sinta no controle da situação. Isso cria uma base para continuar a quitar as dívidas maiores.


A estratégia da "reserva das dívidas"


Para as dívidas maiores, pode ser vantajoso criar uma "reserva das dívidas". Isso significa reservar uma quantia de dinheiro mensalmente, com o objetivo de quitar uma dívida de forma integral, preferencialmente com desconto. Muitas vezes, ao pagar uma dívida à vista, é possível negociar um valor inferior ao que seria pago em parcelas, especialmente com bancos ou instituições financeiras, que preferem receber algo à ver sua dívida acumulando com juros.


Imagine, por exemplo, que você tem uma dívida de 2.000 reais e não consegue pagar tudo de uma vez. Em vez de parcelar, você pode separar uma quantia mensal até atingir esse valor. Quando tiver o montante necessário, negocie o pagamento à vista, com a possibilidade de obter um bom desconto. Com o poder de barganha da quitação imediata, é possível reduzir o valor da dívida e economizar no processo.


Negociação de dívidas


É importante lembrar que as instituições financeiras estão sempre dispostas a negociar, principalmente quando se trata de dívidas bancárias. Os bancos preferem receber uma parte do valor do que ver a dívida se acumular com juros, então, se você tiver uma quantia guardada para quitar uma dívida, entre em contato e tente negociar um desconto.


Em um exemplo simples, uma dívida de 4.000 reais, sendo 2.000 reais apenas de juros, pode ser negociada por um valor bem abaixo. Se você já tiver 2.500 reais guardados para pagar a dívida, há uma grande chance de conseguir um desconto significativo.


Evitar novas dívidas


O passo final, após quitar suas dívidas, é evitar a reincidência no endividamento. A melhor maneira de não cair novamente nas dívidas é sempre gastar menos do que você ganha e nunca se endividar por impulso. Isso significa que, sempre que for fazer uma compra parcelada, você deve ter certeza de que poderá pagar as parcelas sem comprometer seu orçamento.



Dívidas não precisam ser vistas como um vilão. Quando bem administradas, elas podem ser uma ferramenta para realizar grandes conquistas, como a compra de uma casa ou um carro. No entanto, é essencial entender como sair das dívidas e manter uma saúde financeira sólida. Comece controlando seus gastos, criando uma reserva inicial, quitando as dívidas menores e negociando as maiores. O equilíbrio financeiro é uma jornada, mas com disciplina e foco, é possível conquistar a liberdade financeira e viver sem a pressão das dívidas.